A fazenda Belém, sítio original das Ruínas da Igreja Nossa Senhora de Belém, é uma propriedade de destaque no século XIX. Nesse momento, pertencendo ao primeiro arcipreste da província do Espírito Santo, a igreja se integra à casa da fazenda, constituindo um tipo muito conhecido de estruturas arquitetônicas rurais. A Potrich Arquitetura foi visitar esse patrimônio histórico cultural e conhecer um um pouco mais da arquitetura sacra envolvida no projeto.
É possível que essa proximidade tenha relação com o incêndio que atinge a igreja nesse mesmo século. Contudo, será a obra de abertura da BR 101-Sul, executada no século XX, a principal responsável pelo arruinamento parcial da igreja quando, um corte de terreno executado nas proximidades da sacristia compromete sua estabilidade.
Associado ao impacto da estrada, mas talvez de repercussão mais devastadora, a busca de um tesouro, supostamente enterrado no interior da nave, parece ter sido a responsável mais significativa da destruição promovida no edifício.
Implantada em posição de destaque em pequena colina, a igreja de Nossa Senhora de Belém é hoje uma ruína constituída de nave, torre e vestígios de parede de residência, dispostos à direita e recuados em relação ao plano da fachada frontal.
Sua configuração interna original se constitui pela sequência linear de nave, capela-mor e sacristia, as duas últimas demolidas no último terço do século XX, em conjunto regular onde se destaca uma torre sineira. Essa, de base quadrada, chanfrada nas arestas e arrematada por discreto bulbo de mesma planimetria, possui vãos de janela, sendo três deles situados na torre e quatro no nível do sino.
Fachada Frontal
A fachada frontal, uma tradicional composição delineada pela disposição de três janelas sobre o coro, simetricamente posicionadas a partir da porta central, possui um frontão delicadamente desenhado por uma sequência de voltas e contravoltas, onde um óculo de posição central e ornatos de desenhos alusivos a elementos naturais são dispostos em refinado fazer. Internamente, um mesmo requinte contorna as janelas e o arco cruzeiro.
Construtivamente a igreja foi erguida com a utilização do sistema tradicional de parede autoportante em alvenaria de pedra associada ao tijolo para o arremate dos vãos de porta e de janela. O telhado, em planimetria segundo modelo de planos unidos em cumeeira de posição perpendicular ao plano da fachada, está coberto com telha-francesa de cerâmica, uma alteração introduzida provavelmente pela urgência da proteção do imóvel.